O raiar do ano de 1960 trouxe notícias bastante perturbadoras para a UDN: o partido estava quase em frangalhos, em pé de guerra, ainda devido a supostas resistências ao nome de Jânio Quadros para concorrer à presidência da República. A falta de clareza ideológica do candidato e sua liberdade de ação deixavam muitos dos integrantes do partido com a pulga atrás da orelha. Em novembro do ano anterior, o governador paulista, sentindo-se sem sustentação política por parte da cúpula do partido e alegando dificuldades em compor as forças que o apoiavam, renunciara espetacularmente à sua candidatura. O fato das forças udenistas não aceitarem que Fernando Ferrari, dissidente do PTB gaúcho, agora no PDC, escolhido pela sigla para ser seu candidato a vice-presidente, participasse da campanha, foi a gota d’água. Carlos Lacerda, principal fiador junto à agremiação da candidatura janista, partiu para o ataque contra altos dirigentes da sigla, principalmente contra Magalhães Pinto, prócer udenista de Minas Gerais. A coisa ficou tão tensionada que muitos integrantes da UDN, o mineiro Oswaldo Pierucetti à frente, começaram uma campanha para expulsar o trêfego político carioca da agremiação, com o que não aceitavam os udenistas mais conservadores, ainda mais à direita do espectro político da sigla. Quando a celeuma atingiu um ponto em que poderia haver até um racha no partido, o próprio Magalhães Pinto, como todo bom mineiro, conteve seus correligionários, preferindo adiar qualquer definição com relação ao político carioca.
Carlos Lacerda, todavia, parecia sentir que, naquele momento, após seus virulentos ataques, seria inútil lutar contra os caciques udenistas, principalmente também porque a candidatura de Jânio – que aceitara novamente ser candidato – já estava em pleno vapor; resolve ele, então, fazer uma viagem para a Europa para esfriar os ânimos, sem, entretanto, deixar de esclarecer à população que ele não estava fugindo da raia, mas dando um tempo para que os acontecimentos ficassem mais claros dentro do partido. Ele chegou mesmo a escrever a Jânio que não participaria de sua campanha, magoado, segundo alguns, pelo fato de o governador paulista, principalmente para evitar mais desgaste de sua imagem junto à cúpula udenista devido aos constantes ataques lacerdistas a ela, não ter ido à festa de aniversário de seu jornal, Tribuna da Imprensa. Jânio temia que sua presença no evento fosse entendida como uma espécie de homologação à posição de Lacerda. Na realidade, o “corvo” tinha a convicção de que a única saída para a UDN era mesmo apoiar Jânio, sem o qual ela seria fragorosamente derrotada nas urnas em outubro próximo. O que ficava patente, porém, era a falta de unidade entre as forças que apoiavam Jânio Quadros.
Por seu turno, a imprensa especulava que Lacerda estava, inclusive, pensando em abandonar seu partido, indo, por exemplo, para o PDC, que lhe abriria as portas, e onde ele teria maior liberdade de ação para desempenhar seu papel de panfletário. Obviamente era somente jogo de cena, porquanto, ele bem sabia que, sem uma grande sigla por detrás dele, sua carreira política poderia terminar de forma melancólica. Além do mais, com a mudança do governo para Brasília, com a conseqüente criação do Estado da Guanabara, seu nome seria o único com força bastante para ser lançado como o candidato da UDN para governador e efetivamente ganhar as eleições no estado. O negócio era aguardar os acontecimentos. O tempo conspirava a seu favor.
Só que Jânio era sabidamente um político esperto. Ele tinha a certeza absoluta de que ganharia as eleições com ou sem o apoio da UDN, mas, precisaria da legenda para governar o país, pois, sem maioria na Câmara e no Senado, ele não conseguiria colocar em prática seus vagos planos governamentais. Essa certeza advinha de sua análise de que seu indiscutível prestígio em São Paulo, assim que a campanha deslanchasse, se espalharia por todo o país, ou seja, seu domínio das massas eram mais do que suficiente para chegar ao poder. Dessa forma, aos cinco de dezembro de 59 – após intensa movimentação popular do Movimento Popular Jânio Quadros (criado em abril de 1959 por um grupo liderado por Carlos Castilho Cabral, ex-secretário do Trabalho do governo Jânio e um dos políticos que lhe eram mais próximos) –, ele já tinha feito as pazes com a UDN, imediatamente voltando a colocar seu bloco nas ruas.
Pelos lados da coligação PSD/PTB, também, imperava a confusão. O PTB, leia-se Jango e Brizola, não conseguia engolir a candidatura de Teixeira Lott, vendo-o como uma figura sem carisma junto ao eleitor (além de ser um político “de direita” e anticomunista), fatidicamente caminhando para a derrota eleitoral. Mesmo já tendo sido escolhido por seu partido como vice de Lott (para desagrado dos conservadores do PSD e pelos militares golpistas de sempre), Jango se mostrava reticente, fazendo com que a imprensa especulasse que ele estaria, na verdade, aguardando a oportunidade para se lançar candidato ao cargo de presidente.
Acontece que Lott, que combinara com Odylio Denis sua saída do Ministério da Guerra antes do prazo de desincompatibilização (abril), volta atrás e se recusa a abandonar a Pasta enquanto o PTB não homologasse sua candidatura; no entanto, os petebistas, liderados por Brizola e Goulart, retardavam a realização da convenção do partido, visando assim pressionar o governo a aprovar diversos projetos de interesse dos trabalhadores, sua principal base política.
Enquanto as maquinações políticas seguiam seu curso nesse início do ano, na esteira da radicalização da Revolução Cubana, chega ao Brasil em 23 de fevereiro, o presidente norte-americano Dwight Eisenhower, visando ao fortalecimento da política de aproximação dos EUA com a América Latina e, em última instância, da OPA. Recebido com razoável entusiasmo pela população (exceto a UNE que estendia faixas de apoio a Fidel Castro – I LIKE FIDEL – ao longo do itinerário da comitiva em que se encontravam Juscelino e o presidente norte-americano), Eisenhower ofereceu ao governo brasileiro a oportunidade de restabelecer as relações com o FMI em novas bases. Era o que JK ardentemente desejava, não demorando muito para que o embaixador Moreira Sales seguisse para Washington e reabrisse as negociações com o FMI. Como resultado, logo em maio, um substancial empréstimo do Fundo era concedido ao Brasil, cancelando o rompimento do país com essa instituição.
Enquanto isso, as tensões políticas que antecediam a inauguração da nova capital ganhavam novos contornos: as Ligas Camponesas sob a liderança de Francisco Julião exigiam de Juscelino uma tomada de posição em relação à execução da reforma agrária, sem a qual ameaçava incendiar o campo. Aliadas a isso, as diversas greves eclodidas já no início do ano (seriam 68 durante esse último ano do governo, o maior número da administração juscelinista), deixavam os militares intranqüilos, fazendo com que o governo chegasse a ameaçar a decretação do estado de sítio, que, caso se concretizasse, se constituiria em grande desgaste para as aspirações do general Teixeira Lott.
Leonel Brizola, nesse ínterim, como governador do Rio Grande do Sul, se sentia desprestigiado por Juscelino, que, havia 12 meses, prometera liberar 600 milhões de cruzeiros para o estado e não estava cumprindo com sua palavra. Os recados enviados por Brizola pela imprensa não demoraram a chegar aos ouvidos dos aliados de Lott. Tão logo o candidato da coligação PSD/PTB tomou conhecimento do que estava acontecendo, resolveu intervir na questão, pressionando junto ao staff jucelinista para que o pleito do governador fosse atendido. Resolvida essa questão, Brizola entrou imediatamente na campanha, jactando-se pela imprensa de que Jânio teria uma derrota esmagadora no Rio Grande do Sul.
Com suas maneiras conciliadoras, Juscelino, que anteriormente já tentara uma candidatura de união nacional (incentivando, sem sucesso, o lançamento à presidência do nome do udenista Juracy Magalhães com o apoio do PSE, PTB e UDN), não tinha a intenção de entrar para valer na campanha eleitoral ao lado do general Lott. Todavia tinha certeza de que a mudança da economia para melhor iria ajudar o candidato da situação, uma vez que, nesse ano eleitoral, ele estava certo de que promoveria a recuperação financeira do governo e deteria a alta do custo de vida, principalmente pela eliminação das emissões inflacionárias. Sua certeza advinha do fato de que, nos últimos meses do ano anterior, ele estava conseguindo conter o déficit da balança comercial (na casa de 100 milhões de dólares, contra esperados 25 milhões). Por outro lado, a curva de investimentos fatalmente teria que cair, porquanto as construções de Brasília e de Três Marias estavam em vias de conclusão, enquanto ele diminuía sensivelmente os investimentos em Furnas, atrasando o cronograma de sua construção. Ou seja, o declínio da curva de investimentos iria dar ao governo razoáveis argumentos políticos junto aos formadores de opinião, que alardeariam o fato de que o governo não precisaria emitir nos primeiros seis meses do ano corrente.
Resolvidas as pendengas em ambos os partidos, a campanha começou para valer antes mesmo da inauguração de Brasília. Jânio, ainda no primeiro trimestre, realizou uma exitosa viagem para o norte do país e para Minas Gerais, reduto de Magalhães Pinto, e onde o PSD era um partido poderoso, principalmente no interior do estado, que concorreria ao governo com o fortíssimo candidato Tancredo Neves. A calorosa e espetacular recepção a Jânio em Minas Gerais, porém, deixou os coronéis do PSD desconfiados de que a pregação moralista do candidato estava calando fundo dentro das almas dos eleitores mineiros, podendo o candidato apoiado pelo presidente mineiro perder em seu próprio estado.
Entretanto, os caciques udenistas ainda temiam a personalidade por eles considerada dúbia de Jânio Quadros. Em março de 1960, os quadros mais conservadores do partido ficaram em polvorosa quando Jânio, em atitude surpreendente, viaja para Cuba (levando em sua comitiva nomes graúdos da UDN como Juracy Magalhães, Adauto Lúcio Cardoso, Afonso Arinos, o jovem político em ascensão, José Sarney, José Aparecido, além de luminares da cultura – Hélio Fernandes, Carlos Castelo Branco, Rubem Braga, Fernando Sabino, e até Francisco Julião, o temido líder das Ligas Camponesas nordestinas), a essa altura já rumando, irreversivelmente, para o comunismo. Mais estarrecidos ficaram com as declarações do candidato, cheias de elogios pela experiência socialista em curso naquele país. Essas declarações, alardeadas pela imprensa nacional, a veemente defesa que Jânio fizera ao fortalecimento da Petrobras e sua assertiva de que estabeleceria uma política de controle de remessas de lucros ao exterior faziam com que muitos udenistas temessem que, no final das contas, poderiam eleger um lobo em pele de cordeiro. Na realidade, não sabiam quem era o Jânio verdadeiro: aquele de direita, moralista, conservador, ou aquele outro, com inclinações, digamos, progressistas. O brasilianista Thomas Skidmore definiu Jânio como “um corpo estranho por excelência” no espectro político daquele período; dizia ele também que o candidato da UDN
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4 comentários:
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brigadão
Olá,
Esclareça-me por favor.
Fernando Ferrari concorreu na eleição de 1960? Como era seu jingle?
Não consigo encontrar em nenhum lugar.
Desde já, muito obrigado
Olá,
Por fim...Fernando Ferrari concorreu a vice-presidente em 1960? E como era seu jingle que não encontro em lugar nenhum.
Desde já...obrigado
Frederico Leão
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