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O carioca Waldir Azevedo (1923 - 1980) desde pequeno esteve envolvido com música, ganhando seu primeiro instrumento, um a flauta transversal, aos 7 anos. Com apenas 10 anos, apresenta-se em público pela primeir a vez, interpretando Trem Blindado , de Braguinha. Em 1942, qua ndo ainda tocava violão, foi vencedor, com a nota máxima, de dois concursos de calouros, um na Rádio Cruzeiro do Sul e outro na Rádio Guanabara, interpretando o chorinho Camburá , de Pas coal de Ba rros
A partir daí, sua carreira vai num crescendo, até que, em 1945, agora tocando cavaquinho, assume a lide rança do conjunto regi onal de Dilermando Reis, um dos maiores violonistas br asileiros de todos os tempos, passando a atuar na PRA-3, Rádio Clube do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em substituição ao regional de Benedito Lac erd a, ocasião em que adere, definitivamente, ao cavaquinho.
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Através de Braguinha, que se impression ara com seu virtuosismo, estreia em discos em 1949, gravando, em 78 rpm, os choros de sua autoria Carioquinha, no lado A, e, no lado B, Brasileirinho , esta última música alca nçando, para surpresa de muitos que não conhecia m a virtuosidade do artista, tamanho sucesso que surpreende até os mais otimistas executivos da gravadora. Aliás, Brasileirinho fora, até aquele momento, a m úsica mais vendida da Con tinental, tornando o artista, logo na primeira gravação, objeto de mimos afagos.
Waldir Azevedo interpretando Brasileirinho .
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Em 1950, voltou a gravar outro 78 rpm, contendo Cinco Malucos , de sua autoria, e O que é que Há , composição de Dilermano Reis. Nesse mesmo ano lança, também solando ao cavaquinho, os choros Quitandinha , dele e de Salvador Miceli e Vai por Mim , de Francisco Sá e Risadinha do Pandeiro. Gravaria também, ainda nesse mesmo ano, o baião Delicado .
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Delicado , a princípio nem seria gravado; Waldir estava en co nt rando dificuldades para compor seu próximo disco em 78 rpm, cujo lado A seria o choro Vê Se Gostas . Chiquinho do Ac ordeom, que logo ficari a conhecido como o autor de São Paulo Quatrocentão , um dobrado que também se tornaria campeão de vendagens, um imenso sucesso po pular, sugere-lhe gravar o baião mostrado a ele por Waldir pouco tempo antes. Chiquinho, inclusive, o havia batizado com o nome de Delicado . Era o imprevisto, mais uma vez, surgindo com seus desígnios. Em janeiro/51, Delicado já está em primeiro lugar na paradas de sucessos da Revista do Rádio, permanece ndo entre as músic as mais vendidas durante quase todo o ano. Um estouro que ninguém esperava. Em setembro/51, já havia vendido mais de 400.000 discos (Revista do Rádio n.º 104), tornando-se, assim, um fenômeno de popularidade. A partir de março, Waldir emplaca novo sucesso de sua autoria, Pedacinhos do Céu , que também se torna um baita êxito, um sucesso eterno.
Waldir Azevedo interpretando Delicado.
Quinteto Brasília interpretando Pedacinhos do Céu.
Quando Cabeça Inchada se tornou sucesso nacional, Carmélia Alves (1023 - 2012), já está estabelecida como uma da s mais conhecidas cantoras brasileiras; nascid a no Rio de J aneiro em fevereiro de 1929, e de origem suburbana (Ba ngu), Carmélia, desde menina entra em contato com os ritmos nordestinos em reuni ões que ocorriam em sua casa. Aos 12 anos, inicia sua carreira artística, participando de programas de calouros na Rádio Nacional e em diversos outros, onde, como quase todas as cantoras novatas, imitava Carmem Miranda. Com voz poderosa e afinada, logo é contratada pela Rádio Mayrink Veiga, começando também a atuar na noite, exatamente no berço da burguesia, no Copacabana Pálace.
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Em 1943, gra va seu primeiro disco em 78 rpm (financiado por ela própria, segundo alguns) na RCA Victor, trazendo, no lado A, o choro Quem Dor me no Ponto é Chofer ,
do formidável sambista Assis Valente, e, no lado B, o samba Deixei de Sofrer , de Dino e Pope ye do Pandeiro (integrante do regional de Benedito La cerda) . Após passar uma longa temporada em São Paulo, volta para o Rio de Janeiro, atuando novamente no Copacabana Palace, de onde agora era transmitido o programa Ri tmos da Panair pela Rádio Nacional, comandado por Murilo Neri, o que permite que o grande púbico tome conhecimento da cantora. Isso em 1948.
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Uma série de grandes sucessos em 1950, a maioria baiões, tais como Me Leva (Hervê Cordovil/Rochinha), cantada em dupla com Ivon Curi, Tr epa no Coqueiro (Ari Kerner), Sabiá na Gaiola (Hervê Cordovil), Coração Magoado (Roberto Martins) a tornam conhecida em todo o Brasil, consagrando-a eternamente como a Rainha do Baião e a m aior divu lgadora feminina desse ritmo no p aís.
Interpretando o baião com s otaque sulista, Carmélia obtém enorme êxito neste ano de 1951, cantando Cabeça Inchada , da lavra de seu compositor favorito, Hervê Cordovil, que, imedia tamente, cai nas graças da população. Era a consagração da cantora:
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"Eu tô doente, morena
Doente eu tô, morena
Cabeça inchada, morena
Tô e tô e tô.
. Ai! Morena
Moreninha meu amor
Você diz que me namora morena
É mentira, morena
E agora, morena
A gora não.
Carmélia Alves interpretando Cabeça Inchada.
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Adelaide Chiozzo (8.5.1931), grande rival de Carmélia Alves, inclusive gravando as mesmas músicas, o que resultou em uma grande rivalidade entre as duas, que teve efeito na não eleição de Adelaide ao título de Rainha do Rádio (favoritíssima) nesse ano, uma vez que, Carmélia, vendo a inevitável eleição da rival, retira seus votos e os despeja em uma cantora sem chance alguma, Véria Lúcia, que, mesmo sendo uma cantora desconhecida das massas, se elegeu ao ambicionado título, o que nada lhe trouxe de benesses, já que continuou a ser uma cantora conhecida somente por um público mais elitizado, advindo das classes médias e médias altas. Adelaide, nesse ano, no auge de sua popularidade, fruto de suas atu ações na Rádio Nacional e na Atlântida, de onde é uma das principais estrelas, é o que se poderia denominar uma artista de múltiplos talentos; instrumentista, cantora e atriz, aos 8 anos começa a estudar acordeom, o que lhe permite, aos 15 anos, participar do programa de Renato Murce Papel Carbono, na R ádio Clube do Brasil, imitando o grande sanfoneiro da época, Pedro Raimundo.
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Sua segura performance e sua beleza encantaram Vitor Costa, que a contrata por três meses para formar d upla com seu irmão, Afonso Chiozzo, que a acompanhara no programa. Foi, também, aos 15 anos, em 1946, já uma lindíssima garota, que estréia no cinema, na comédia Segura Esta Mulher , de Watson Macedo, onde acompanha o "cowboy " Bob Nelson na música O Boi Barnabé (Afonso Simão/Bob Nelson). Seu suc esso lhe permite participar novamente das comédias musicais Este Mundo é um Pandeiro (1947), do mesmo Watson Macedo, de É Com Este Que Eu Vou , de José Carlos Burle (1948), Carnaval no Fogo , de Watson Macedo e de Aviso aos Navegantes (51), do mesmo Watson Macedo.
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A dupl a com o irmão, no entanto, tem vida curta. Afonso logo abandona a vida artística para se casar. Devido ao seu sucesso, Adelaide é contratada neste ano de 1951 pela Rádio Nacional para participar do conjunto de Dante Santoro, ano também em que conhece seu futuro marido, Carlos Matos, que, a partir daí, a acompanha em suas apre sentações. Sua entrada na mais importante rádio do Brasil lhe permite divulgar com mais força seu primeiro disco, gravado ainda em 1950, na gravadora Star, contendo as músicas Tempo de Criança , uma rancheira de João de Sousa e Eli Turquine, e a polca Pedalando , do galã das chanchadas, Anselmo Duarte e do lendário pianista Bené Nunes.
. Sua gr avação de Beijinho Doce , de Nhô Pai (autor de outro sucesso, Ciriema , em dupla com o acordeonista Mário Zan), uma música acaipirada, daquelas bem id entificadas com o interior de São Paulo, cantada no filme Aviso aos Navegantes , agra da o Brasil inteiro, razão pela qual se tornou um sucesso imediato:
"Que beijinho doce
Que ele tem
Depois que beijei ele
Nunca mais amei ninguém.
Que beijinho doce
Foi ele quem trouxe
De longe pra mim
Um abraço apertado
Suspiro dobrado
Que amor sem fim.
Coração reclama
Quando a gente ama
Se estou junto dele
Sem dar um beijinho
Coração reclama."
Adelaide Chiozzo e Eliana Macedo interpretando Beijinho Doce (Nhô Pai).
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Com sua beleza de menina do interior, com o sucesso de Beijinho Doce e com o espetacular êxito do filme Aviso aos Navegantes , Adelaide Chiozzo atinge o estrelato, tornando-se, imediatamente, a nova namoradinha do Brasil.
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