6.9.06

“A VOLTA DO BOÊMIO”

Dizer que ele não conhecia o sucesso popular não seria exatamente a verdade. Certamente, desde que estreou em discos no distante ano de 1941, ele já frequentara as paradas de sucessos, já vendera muitos discos, era um dos cantores mais famosos do Brasil e, com o passar dos tempos, uma personalidade consolidada e respeitada no meio artístico. Entretanto, nesse ano de 1957, em que o rock and roll se consolidava no mercado discográfico brasileiro de forma definitiva, sua gravação – em um ritmo que agonizava, o samba-canção – de A Volta do Boêmio, gravada no ano anterior, 1956, se tornou um sucesso tão imenso, tão avassalador, que, pela intensidade, deixou sua gravadora, a RCA Victor, atônita e despreparada, porquanto, como todos os outros selos multinacionais, estava pronta, isso sim, para inundar o país com o novo ritmo norte-americano, a coqueluche do momento, o Rock and Roll.

No entanto, não fora somente essa música que estourara nas paradas; este foi um ano também de grandes sucessos da música popular brasileira, com destaque para Boneca Cobiçada (Biá e Rolinha), sucesso com Alcides Gerardi, Carlos Galhardo e com a dupla Palmeira e Biá; Ouça (Maysa), com a própria compositora, de quem muito ainda se ouviria falar; Chove Lá Fora (Tito Madi), na voz do próprio compositor; Mocinho Bonito (Billy Blanco), com Dóris Monteiro;  Com Jeito Vai (Braguinha), com Emilinha Borba; Meu Benzinho (versão do sucesso internacional My Little One, de Caubi de Brito); Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom Jobim e Vinícius de Morais), com Sylvia Telles e também com Maysa; Prece de Amor (Renê Bittencourt), interpretado por Cauby Peixoto); Pisa na Fulô (João do Vale/Ernesto Pires/S. Júnior), gravação de Ivon Curi; Por Causa de Você (Tom Jobim e Dolores Duran) sucesso com Silvinha Telles e Maysa e muitos mais.

Tito Madi interpretando Chove lá Fora.
















Dóris Monteiro interpretando Mocinho Bonito.
















Silvinha Telles interpretando Se Todos Fossem Iguais a Você. 

















Zé Dantas interpretando Pisa na Fulô.

















Carlos Galhardo interpretando Boneca Cobiçada.
 

















Dolores Duran interpretando Por Causa de Você.
 



 












Maysa interpretando Ouça.




 










Agostinho dos Santos interpretando Meu Benzinho










 



Estamos falando, obviamente, de Nelson Gonçalves, cuja voz de timbre de veludo, macia e disciplinada, veio, ao longo dos anos, conquistando o coração dos brasileiros, substituindo o outrora todo poderoso Orlando Silva, cuja voz, no início de sua carreira, ele imitava, a essa altura em franca decadência, como a voz mais bonita do Brasil.
Aqui, um parêntese: basicamente o ritmo que dominou a década de 50 (junto com o baião e o bolero), o samba-canção existia, de forma velada, desde a década de 20. Pode-se dizer que o marco zero desse estilo musical aparentado com o samba (sem batucada), a modinha e a seresta, mas que, certamente sofreu severa influência do bolero, foi a canção Ai, Ioiô, também chamada de Linda Flor, de autoria de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luiz Peixoto. Historicamente, a música já havia sido lançada anteriormente com outras letras de outros compositores e com títulos diversos, Linda Flor (por Vicente Celestino) e Meiga Flor (por Francisco Alves). Entretanto, graças a uma grande estrela do teatro de revista, Aracy Cortes, ela ganhou sua letra definitiva, tornando-se o maior sucesso do ano de 1929 na voz da referida cantora. Desde então, fez sucesso em gravações de praticamente todas as cantoras que a relançaram, de Isaurinha Garcia (1944) a Zezé Gonzaga (1956), passando por Ozzetti, Gal Costa, Alcione e Zélia Duncan:
“Ai, Ioiô
Eu nasci pra sofrer
Fui oiá pra você meus óinho fechô
E quando os óio eu abri
Quis gritar, quis fugir
Mas você
Eu não sei por
que você me chamou.


Ai, Ioiô
Tenha pena de mim
Meu Sinhô do Bonfim pode inté se zangar
Se ele um dia souber
Que você é que é
O Ioiô de Iaiá.

Chorei toda noite, pensei
Nos beijos de amor que eu lhe dei
Ioiô meu benzinho do meu coração
Me leva pra casa, me deixa mais não.”

Zézé Gonzaga interpretando Linda Flor.
















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Interessante é que o gênerosamba-canção” sempre foi execrado pela crítica especializada e por diversos cantores e compositores em virtude de seu “aboleramento”. Aliás, em meados da década de 50, quando estava em seu apogeu, houve um acalorado debate na mídia sobre o ritmo e seus malefícios. Aracy de Almeida, com a carreira em declínio, criticava acidamente o samba-canção, apesar de já ter gravado inúmeras canções nesse ritmo, tais como Até o Amargo Fim (1949), de Newton Teixeira e David Nasser, Estranho (1949), também de Newton Teixeira e David Nasser, Último Desejo (1938), de Noel Rosa, Boite (1954), de Francisco Alves e René Bittencourt, Telefone Mudo (1954), de Mariza Pinto Coelho, Quando Foi, Porque Foi (1948), de Fernando Lobo) e outras. Em irada entrevista na revista Radiolândia (n.º 55), ela pontuou:




“Certas parcelas do público, em particular aqueles de poder aquisitivo maior [exatamente o público da cantora], estão com o gosto deturpado. E não compram música brasileira e sim apenas isso que lhe dão: música estrangeira ou versões...Agora vêm aí esses ‘sambas’ vigaristas, sem ritmo, sem bossa, na forma de bolero e beguine, querendo impor-se como samba-canção, acabando com o verdadeiro ritmo do samba...”


Linda Batista também entrou na discussão, não obstante ter alcançado dois de seus maiores sucessos nesse ritmo (Vingança, de Lupicínio Rodrigues e Risque, de Ary Barroso). Também na Radiolândia (n.º 61), em reportagem com o sugestivo título “Nunca Gravei Boleros”, ela comenta:


“Em verdade, chegamos a um ponto crítico, no qual, além da bolerização do samba, esquecemos que o nosso cancioneiro é bem mais rico e variegado que o de muitos e muitos países...”


Até o maestro Guerra Peixe (1914 - 1993) entrou na discussão; perguntado pela Radiolândia (n.º 84) o que achava do samba-canção, além de desancar Dorival Caymmi por ter composto Nem Eu, e Ary Barroso por Risque, ambos nesse ritmo, ele respondeu:

“Nada acho nessa coisa doentia, molenga, inviril e desvirtuado, a que a crônica especializada paulista batizou, muito a propósito, de ‘sambolero’. Se, de modo geral, a música urbana sofre um tremendo baque, o mal chamado ‘samba-canção’ é o seu ponto mais vulnerável”

Digno de nota é o fato de que o próprio Ary Barroso tratava o samba-canção com total desprezo, mesmo tendo composto várias músicas neste ritmo, duas delas se tornando símbolo do gênero, Risque, sucesso de Linda Batista e Folha Morta, imortalizada por Jamelão, que adorava cantar sambas-canções. Também, por mais paradoxal que seja, o ritmo seria a base para um novo estilo de samba que apareceria no final da citada década, a bossa nova (mesmo que seus integrantes odiassem o ritmo “inviril”); Tom Jobim, por exemplo, começou a compor canções naquele ritmo, dentre as quais se podem citar Incerteza, de 1953, composta em parceria com Newton Mendonça, Faz uma Semana, também de 1953, parceria com João Stockler, Pensando em Você (1953), Tereza da Praia, de 1954, composta em parceria com Billy Blanco, e outras. Além do mais, todos (todos mesmo!) os cantores e cantoras, mais tarde considerados pré-bossa novistas, tinham um repertório onde o ritmo era constante, dentre as quais podemos destacar Dóris Monteiro (seu primeiro grande sucesso foi um samba-canção de Peterpan, Se Você se Importasse) Dick Farney, Nora Ney, cantora cuja imagem traduzia o próprio ritmo, Elisete Cardoso (cujo maior sucesso – Canção de Amor – era um samba-canção), Sylvinha Telles, Lúcio Alves, Vera Lúcia, Dolores Duran, autora de clássicos do gênero, como A Noite do Meu Bem, Solidão, Fim de Caso e Estrada do Sol (em parceria com Tom Jobim), Agostinho dos Santos (que cantava de tudo, estando, inclusive, nas paradas de sucessos nesse ano com uma versão do sucesso norte-americano My Little One (George Howe/David Gussin), gravado por Frankie Laine, aqui recebendo o título de Meu Benzinho, em versão de Caubi de Brito, e muitos mais.

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Nascido em Santana do Livramento (Rio Grande do Sul), Nelson Gonçalves, na realidade Antônio Gonçalves Sobral (1919 – 1998), de uma família de portugueses sem posses que cedo se mudou para São Paulo, ainda menino teve que se virar para ajudar sua família. Como todo ídolo que se preze, sua vida está repleta de lendas e meias verdades. O folclore, inclusive, diz que, ainda Antônio, já se apresentava nas ruas, em cima de caixotes de sabão, com o pai se fazendo de cego para recolher dinheiro para o menino. Teria ainda sido engraxate, jornaleiro e auxiliar de mecânico e sapateiro.
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O que se sabe de verdade é que, ainda garoto, auxiliava seu irmão em um bar localizado na Avenida São João, ocasião propícia para frequentar os inferninhos próximos e travar conhecimento com os músicos que se apresentavam naqueles estabelecimentos boêmios. Quer dizer, conheceu, ainda cedo, o mundo que, mais tarde, retrataria em centenas de músicas, a zona boêmia, o baixo meretrício. Acontece que, além de ser bastante bem apessoado, era bastante forte e corajoso, o que o levou, aos 16 anos, a tornar-se lutador de boxe na categoria peso-médio (tornou-se campeão paulista). Logo ele realizou que seu futuro não estava nesse universo de lutas e pancadas. A carreira musical seria seu mundo. Assim, aos 18 anos, após estudar canto por uns seis anos, tentou a sorte na carreira artística como todos os iniciantes à época, nos programas de calouros. O primeiro em que tentou a sorte foi o do apresentador Aurélio Campos, da Rádio Tupi de São Paulo, onde, pela sua inexperiência e nervosismo, foi reprovado. Apesar de ser gago, o que lhe trazia constantes aborrecimentos, como já era elogiado na pequena roda dos amigos e parentes, não desanimou; na semana seguinte, em nova tentativa (cantou a música Chora, Cavaquinho, de Dunga) foi aprovado, o que lhe propiciou a se apresentar na rádio até 1939, quando foi dispensado sumariamente.


O Rio de Janeiro, a capital do país e a cidade onde tudo acontecia, seria seu novo destino. Na nova cidade, ele iniciou a eterna peregrinação pelos programas de calouro das mais diversas emissoras radiofônicas. Mas calouro que era calouro tinha que enfrentar a prova dos nove no programa mais popular e mais temido da cidade: o programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Cruzeiro do Sul. Mais uma vez foi reprovado, recebendo o conselho do apresentador para abandonar suas pretensões artísticas e voltar a ser boxeador.
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A lenda também reza que, para se manter na capital, ele se tornou gigolô de prostitutas na Lapa, local onde se tornou freqüentador assíduo. Se verdade o fato, não resolveu os problemas financeiros do jovem aspirante a cantor. Logo ele estava de volta a São Paulo, novamente participando da roda de seus amigos boêmios. Teve então uma oportunidade através de dois conhecidos dessa roda: Osvaldo França e Orlando Monello o convidam para um teste de gravação de uma valsa composta por eles, Se eu Pudesse um Dia; com a prova nas mãos, e a partir das recomendações dos dois à RCA Victor, ele volta para o Rio de Janeiro, onde consegue um contrato com o selo, gravando (com a ajuda importante de Benedito Lacerda), já em 1941, seu primeiro 78 rpm, com o samba Sinto-me Bem, de Ataulfo Alves, no lado A e com a valsa supracitada no lado B. O disco não emplacou nem lhe trouxe reconhecimento popular, mas permitiu-lhe conseguir um contrato com a rádio Mayrink Veiga, graças à ajuda de um cantor que passava por altos índices de popularidade, Carlos Galhardo, estouradíssimo nas paradas de sucesso, desde 1939, com Maringá (Joubert de Carvalho), Linda Butterfly (Jorge Moran/Osvaldo Santiago), Sei Que é Covardia (Ataulfo Alves/Claudionor Cruz). Em 1941, Galhardo alcança novo êxito no carnaval ao gravar a marcha "Ala-la-ô" e torná-la em um fenômeno carnavalesco. Nelson, nesse mesmo ano também grava mais dois 78 rpm, com os sambas Formosa Mulher, de Constantino Silva e Osvaldo França, A mulher dos Sonhos Meus, de Ataulfo Alves e Orlando Monello, Fingiu Que Não me Viu, de mestre Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e Quem Fala é o Coração, de Dunga e Sá Roriz.

A lenda também reza que, para se manter na capital, ele se tornou gigolô de prostitutas na Lapa, local onde se tornou freqüentador assíduo. Se verdade o fato, não resolveu os problemas financeiros do jovem aspirante a cantor. Logo ele estava de volta a São Paulo, novamente participando da roda de seus amigos boêmios. Teve então uma oportunidade através de dois conhecidos dessa roda: Osvaldo França e Orlando Monello o convidam para um teste de gravação de uma valsa composta por eles, Se eu Pudesse um Dia; com a prova nas mãos, e a partir das recomendações dos dois à RCA Victor, ele volta para o Rio de Janeiro, onde consegue um contrato com o selo, gravando (com a ajuda importante de Benedito Lacerda), já em 1941, seu primeiro 78 rpm, com o samba Sinto-me Bem, de Ataulfo Alves, no lado A e com a valsa supracitada no lado B. O disco não emplacou nem lhe trouxe reconhecimento popular, mas permitiu-lhe conseguir um contrato com a rádio Mayrink Veiga, graças à ajuda de um cantor que passava por altos índices de popularidade, Carlos Galhardo, estouradíssimo nas paradas de sucesso, desde 1939, com Maringá (Joubert de Carvalho), Linda Butterfly (Jorge Moran/Osvaldo Santiago), Sei Que é Covardia (Ataulfo Alves/Claudionor Cruz). Em 1941, Galhardo alcança novo êxito no carnaval ao gravar a marcha "Ala-la-ô" e torná-la em um fenômeno carnavalesco. Nelson, nesse mesmo ano também grava mais dois 78 rpm, com os sambas Formosa Mulher, de Constantino Silva e Osvaldo França, A mulher dos Sonhos Meus, de Ataulfo Alves e Orlando Monello, Fingiu Que Não me Viu, de mestre Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e Quem Fala é o Coração, de Dunga e Sá Roriz.

Carlos Galhardo interpretando Maringá.



Carlos Galhardo interpretando Alá-lá-ô.
 















No ano seguinte, 1942, grava diversos 78 rpm, com destaque para os sambas Isso Aqui Tem Dono (Benedito Lacerda/Darci de Oliveira), Ingrata (Zé Pretinho/Nelson Trigueiro) e Ninguém Quer Ouvir os Meus Ais (Nássara/J. Cascata). Nesse mesmo ano, consegue emplacar seu primeiro sucesso popular, o fox Renúncia (que teria sido gravada por pressão do diretor da RCA Victor, Vitório Latari), de Roberto Martins e Mário Rossi, que se tornou um de seus prefixos musicais, além de lhe ter proporcionado o ambicionado emprego de "crooner" no Copacabana Palace:
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Nelson Gonçalves e interpretando Renúncia.

















 
Em 1943, com a carreira mais consolidada, lança, entre outras músicas, o fox-canção Solidão e a valsa A saudade é um Compasso Demais, ambas de Roberto Martins e Mário Rossi; lança também A valsa de Maria, de Custódio Mesquita e David Nasser; o fox-canção Olhos Negros, de Custódio Mesquita e Ari Monteiro; o fox Noite de Lua, de Antônio Almeida, além dos sambas Brasil, Coração da Gente e Meu Barco é Veleiro, ambos do cineasta José Carlos Burle.

O compositor Roberto Roberti, vindo de grandes sucessos como a marcha Aurora, de 1941, feita em parceria com Mário Lago e segunda colocada no concurso de carnaval desse ano (que chegou a receber versão em inglês de Harold Adamson, tendo sido até mesmo gravada pelas Andrew Sisters, sendo, inclusive, incluída no filme Segure o Fantasma, da dupla Abbot & Costello), a marcha Nós os Carecas, esta em parceria com Arlindo Marques Júnior, grande vencedora do carnaval de 1942 nas vozes dos Anjos do Inferno, a marcha Pernilongo (1942), outra música composta com um de seus mais constantes parceiros, Arlindo Marques Júnior, e Marino pinto, Só Vindo ao Brasil Pra Ver (1943), também com Arlindo Marques Júnior, e outros, proporcionou a Nelson Gonçalves seu segundo grande sucesso popular em 1944, o fox-canção Dos Meus Braços Tu Não Sairás, que também se tornou prefixo em seus programas radiofônicos:

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Meu amor
Pensa bem no que tu vais fazer
Um amor sincero, igual ao meu

Hoje não se encontra mais.

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Meu amor
Tu não podes me abandonar
Eu que fiz teu coração feliz
Eu que te dei o que ninguém te soube dar.

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Meu amor

Se tu julgas que serás feliz
Me deixando aqui sozinho assim
Eu te deixo partir.

Não, não, não, amor


Dos meus braços tu não sairás
Se tentares me abandonar

Nem sei do que serei capaz.”
Nelson Gonçalves interpretando Dos Meus Braços Tu Não Sairás. 

















Ouça Joel e Gaúcho interpretando Aurora.


 












 
Andrews Sisters interpretando Aurora.
















O sucesso dessa música o torna um cantor conhecido em todo o país, o que lhe permite lançar dezenas de músicas nos dois anos seguintes, com destaque, em 1945, para os sambas Meus Amores (Antônio Almeida) e Aquela Mulher (Cícero Nunes) e os frevos-canção Segure no Meu Braço e Quando é Noite de Lua, do grande compositor pernambucano Capiba. Lançaria também, nesse ano, um samba de sua autoria, em parceria com Heitor dos Prazeres, Até Que Enfim, Favela. Em 1946, grava a Valsa do Amor, de Roberto Martins e Orestes Barbosa, o fox Mais uma Vez, de sua autoria e de Mário Rossi, o samba O Relógio da Central, a marchinha carnavalesca Espanhola (Benedito Lacerda e Haroldo Lobo) e a batucada A Rainha do Mar, ambas da dupla Benedito Lacerda e Erastótenes Frazão. Digna de menção é também sua gravação, em dueto com a única cantora paulista de destaque nacional, Isaurinha Garcia (vinda de dois grandes sucessos, Aperto de Mão (1943), de Horondino Silva, Jaime Florence e Augusto Mesquita, e O Sorriso do Paulinho (1943), de Gastão Viana e Mário Rossi), dos sambas Teu Retrato, de sua autoria e de Benjamim Batista, e Dona Rosa, de autoria de Aluísio Silva Araújo e Armando Silva Araújo. Isaurinha ficaria em grande evidência nesse ano de 46, quando lançou um dos grandes sucessos do ano, o samba Mensagem, de autoria de Cícero Nunes e Aldo Cabral.
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Isaurinha Garcia interpretando O Sorriso do Paulinho.



Isaurinha Garcia interpretando Mensagem.

















Nelson Gonçalves interpretando Espanhola.








 






A consagração definitiva de Nelson Gonçalves viria em 1947, ano de sucessos eternos da música popular brasileira, com destaques para Asa Branca (da dupla Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, sucesso na voz de Lula), Cinco Letras Que Choram (de Silvino Neto, gravação de Francisco Alves), De Conversa em Conversa (de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa, outro grande sucesso de Isaurinha Garcia, acompanhada pelo conjunto Namorados da Lua), Escandalosa (de Djalma Esteves e Moacir Silva e Se Queres Saber (Peterpam), sucessos espetaculares de Emilinha Borba) e outros. Lança, nesse ano, dois sucessos incontestáveis, os sambas-canções Segredo, de Herivelto Martins e Marino Pinto, e Marina, de Dorival Caymmi (também sucesso com Dick Farney e Francisco Alves, que também emplacaria mais um grande sucesso no ano, o samba-canção Nervos de Aço, de Lupicínio Rodrigues). A música Segredo, também gravada com sucesso por Dalva de Oliveira, acabou tristemente famosa por se tornar parte de uma grande polêmica (explorada ao extremo pela mídia sensacionalista), acontecida entre a cantora e seu ex-marido, Herivelto Martins, cuja separação, pouco tempo depois, virou assunto escandaloso, discutido em qualquer botequim de esquina, quando um respondia em música uma provocação do outro sobre suas vidas particulares e em comum. Mesmo tendo sido gravada antes de se tornarem públicas as brigas do casal, o teor de sua letra, aos olhos do grande público, já prenunciava o que viria depois:

“Seu mal é comentar o passado
Ninguém precisa saber
O que houve entre nós dois
O peixe é pro fundo das redes
Segredo é pra quatro paredes
Não deixe que males pequeninos
Venham transtornar os nossos destinos
O peixe é pro fundo das redes
Segredo é pra quatro paredes
Primeiro é preciso julgar
Pra depois condenar.

Quando o infortúnio nos bate à porta
E o amor nos foge pela janela
A felicidade para nós está morta
E não se pode viver sem ela
Para o nosso mal não há remédio, coração
Ninguém tem culpa da nossa desunião."
Dalva de Oliveira interpretando Segredo.

















Luiz Gonzaga interpretando Asa Branca
















Francisco Alves interpretando Cinco Letras Que Choram.
















Isaurinha Garcia interpretando De Conversa em Conversa.


















Emilinha Borba interpretando Escandalosa.

  















Doviral Caymmi interpretando Marina.



 













Elza Soares interpretando Nervos de Aço. 


















A partir desse ano, e até 1952, Nelson lançaria diversos sucessos, Morena Cor de Canela (de Capiba, 1948), Normalista (de David Nasser e Benedito Lacerda, espetacular sucesso de 1949), Ave Maria no Morro (de Herivelto Martins, 1950), Serpentina (David Nasser e Haroldo Lobo, também de 1950) Nem Coberta de Ouro (de sua própria autoria, tendo como parceiro Antônio Elias, 1951), Perambulando (de Fernando Lobo e Manezinho Araújo, também de 1951) e Última Seresta (1952), que marcaria seu encontro com Adelino Moreira, mudando, a partir dos meados da década, para sempre, o rumo de sua carreira.

Nelson Gonçalves interpretando Normalista.

 



Nelson Gonçalves interpretando Ave Maria no Morrro.

















Nelson Gonçalves interpretando Serpentina.





 








 


Compositor e instrumentista, nascido na cidade do Porto, Portugal, Adelino Moreira (1918 – 2002), chegou ao Brasil com a família, com um ano de idade, indo morar em Campo Grande, subúrbio do Rio de Janeiro. Só aos 20 anos iniciou-se na música, aprendendo a tocar bandolim e guitarra portuguesa. O maestro Carlos Campos seu professor de guitarra e apresentador do programa “Seleções Portuguesas” na Rádio Clube do Brasil, abriu-lhe as portas para se apresentar como cantor nessa rádio.
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Sua carreira como cantor sempre foi irregular e sem nenhum sucesso popular. Chegou a gravar algumas músicas pelo selo Continental por intermédio de João de Barro, então diretor artístico da Continental. Seu primeiro 78 rpm trazia os fados Saudades e Olhos d' Alma, ambos de autoria de Carlos Campos (1944). Em 1945, grava seu segundo disco em 78 rpm, com suas primeiras composições, o samba Mulato Artilheiro e a marcha Nem Cachopa, Nem Comida, esta última em parceria com Carlos Campos. Gravaria ainda mais algumas músicas sem sucesso, Minha Oração e Perdoa (em 1946, ambas de autoria de Moreno e Ferreira) e as marchas Num Coração, Duas Pátrias (1946), de Renato Batista, e O Expresso Continua (1946), que ele compôs com Américo Morais.

Após uma estadia em Portugal de dois anos, retorna ao Brasil no início dos anos 1950, abandonando sua carreira de cantor, ao mesmo tempo em que investia na atividade de compositor. Em 1951, compôs a marcha carnavalesca Parafuso, em parceria com Zé da Zilda e Zilda do Zé, que foi gravada pela própria dupla. Em 1952, compôs novamente com Zé da Zilda, o samba Nego da Calça Amarela, também gravada por Zé e Zilda. Foi exatamente nesse ano que trava conhecimento com Nelson Gonçalves, com quem inicia intensa parceria, tendo o cantor gravado, ainda nesse ano, o choro Quem Tem, de sua autoria.




Só que Nelson, a essa altura, era um dos cantores mais solicitados pelos nata dos compositores brasileiros, não sendo possível, por um período, gravar suas músicas. Por exemplo, em 1953, grava os sambas-canções Tantos Anos, de sua autoria e de René Bittencourt e A Camisola do Dia, de Herivelto Martins e David Nasser, um dos maiores sucessos desse ano; gravaria ainda o fox Só Vejo Você, de Wilson Batista e Roberto Martins, os sambas Louquinho Pra Casar, de Nóbrega de Macedo e Roberto Martins, e Suplício, de Wilson Batista, Nóbrega de Macedo e Brasinha. Nelson gravaria, ainda nesse ano, uma interessante marcha carnavalesca denominada Se eu Fosse o Getúlio, de autoria de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti, uma bem humorada crítica à elite brasileira:


“O Brasil tem muito doutor
Muito funcionário, muita professora
Se eu fosse o Getúlio eu mandava
Metade dessa gente pra lavoura.

Mandava muita loura plantar cenoura
E muito bonitão plantar feijão
E essa turma da mamata
Eu mandava plantar batata!”
Nelson Gonçalves interpretando Se eu Fosse o Getúlio.















O sucesso continuou para Nelson no ano seguinte, 1954; alcança bastante êxito com o 78 rpm contendo, de um lado, o samba Francisco Alves, da dupla Herivelto Martins e David Nasser, amigos do “Rei da Voz”, falecido dois anos antes, e, do outro, o tango Carlos Gardel (música que efetivamente puxou o sucesso do disco), dos mesmos compositores, que também homenageava o cantor mais famoso da Argentina, morto em um desastre aéreo em 1935.

Nelson Gonçalves interpretando Carlos Gardel.


 











Sua gravadora, a RCA Victor, aproveitando o momento de sua alta popularidade, inunda o mercado com dezenas de discos em 78 rpm em 1955. Porém, a música que estourou nesse ano foi o tango Hoje Quem Paga Sou Eu, outra composição da dupla Herivelto Martins e David Nasser, que também lhe proporcionaria seu maior sucesso do ano seguinte, 1956, outro tango com o título Vermelho Vinte e Sete. Nesse mesmo ano, lança seus dois primeiros Long Playings: um denominado Noel Rosa Na Voz Romântica de Nelson Gonçalves, em que interpreta os maiores clássicos de Noel Rosa, dentre eles Palpite Infeliz, Fita Amarela, Último Desejo, Três Apitos e Com Que Roupa. O segundo recebeu o título O Tango Na Voz de Nelson Gonçalves, contendo diversos tangos de Herivelto Martins e David Nasser, alguns já lançados em 78 rpm, dentre eles Hoje Quem Paga Sou Eu, Palhaço, Último Tango, Carlos Gardel, Estação da Luz e Vermelho Vinte e Sete.
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Nelson Gonçalves interpretando Palpite Infeliz.















Nelson Gonçalves interpretando Fita Amarela.















Nelson Gonçalves interpretando Último Desejo.

















Nelson Gonçalves interpretando Três Apitos.








 


 





Nelson Gonçalves interpretando Com Que Roupa.

















Até que, nesse ano de 1957, Nelson Gonçalves se torna o cantor sensação do Brasil; além de ter sido eleito pela Revista do Rádio o Melhor Cantor do ano, sua gravação do samba-canção A Volta do Boêmio, trazendo de volta exatamente Adelino Moreira, vira uma febre nacional, executada desde os mais nobres salões até nos mais obscuros inferninhos. Tornou-se uma espécie de hino do baixo meretrício, da zona boêmia.

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A letra da canção, em determinado momento, se torna hilária: ela conta a história de um boêmio que diz à boemia que estava de regresso, depois de um tempo em que teve uma vida regrada, em família, por assim dizer. Deduz-se que essa vida pacata, dentro de casa, o estava deixando infeliz, fato observado por sua mulher, o amor de sua vida. A esposa, sentindo o drama, o libera de sua vida familiar, dizendo-lhe para voltar à vida boêmia. A letra exigia de Adelino Moreira, uma rima para “serenatas”, coisa que se pode associar com uma vida de boemia. Entretanto, o compositor não encontrava o vocábulo exato para rimar com a palavra, ligada à noite, à vida dos bares e das boates. Sem saída, ele nem pestanejou: introduziu na letra a estrofe “Vá rever os teus rios, teus montes, cascatas” para rimar com “Vá cantar em novas serenatas”. O grande público, porém, nem tomou conhecimento desse detalhe. Foi o primeiro 78 rpm a vender a (então) astronômica cifra de mais de um milhão de cópias no país, entrando, por isso, para a história da música popular brasileira:
                                      
“Boemia, aqui me tens de regresso

E suplicante lhe peço

A minha nova inscrição.

Voltei, pra rever os amigos que um dia

Eu deixei a chorar de alegria

Me acompanha o meu violão.

Boemia, sabendo que andei distante

Sei que esta gente falante

Vai agora ironizar

Ele voltou, o boêmio voltou novamente

Partiu daqui tão contente

Por que razão quer voltar?

Acontece que a mulher que floriu meu caminho

De ternura, meiguice e carinho

Sendo a vida do meu coração.

Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir

Meu amor você pode partir

Não esqueça do teu violão

Vá rever os teus rios, teus montes, cascatas

Vá cantar em novas serenatas

E abraçar teus amigos leais.

Vá embora

Pois me resta o consolo e a alegria

Em saber que depois da boemia

É de mim que você gosta mais.”

 Nelson Gonçalves interpretando A Volta do Boêmio.



   
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Nesse ano de 1957, em que o samba-canção, como visto acima, estava em seu auge (e, paradoxalmente, com seus dias contados), com diversas músicas nesse ritmo dominando as paradas de sucessos, um novo nome identificado com esse estilo musical, com a força de um furacão, apareceu no cenário musical, assunto de todas as revistas, especializadas ou não, alcançando o primeiríssimo lugar entre os discos mais vendidos logo em sua primeira gravação (Revista do Rádio n.º 410, de 20.07.1957). Seu nome era Maysa, sobrenome, por casamento, Matarazzo, nome imediatamente identificado com a alta burguesia paulista, que, ao lançar a música Ouça, de sua própria autoria, se tornou o “talk of the town”, um ídolo imediato.
Nascida em família tradicional originária do Espírito Santo, possuindo irresistíveis olhos verdes e uma tristeza infinda em seu olhar, a paulistana Maysa Figueira Monjardim (1936 – 1977), ainda no colégio de freiras onde estudava, já rabiscava algumas composições ao violão, prenunciando uma futura compositora. Sua vida, porém, muda radicalmente logo aos 18 anos, ao se casar com André Matarazzo, 20 anos mais velho, entrando para a alta sociedade de São Paulo, com suas tradições e etiquetas. Cedo tornou-se convicta de que aquela não era a vida que sempre sonhara. Vivia cantando e compondo, apresentando-se, sempre que aparecia a oportunidade, em recepções em sua casa, na casa dos pais e dos amigos mais chegados. Até ser ouvida por um amigo da família de seu pai, o diretor artístico Roberto Corte-Real.

A princípio, Roberto tentou um contrato com a gravadora CBS, que não quis investir na cantora novata, ainda mais com tal sobrenome. Corte-Real, contudo, tinha outra opção: diretor artístico com certa reputação, convenceu o dono da gravadora RGE, especializada em gravações de jingles de propaganda e, naquele momento, ampliando seu campo de atuação para se tornar um verdadeiro selo, a bancar um disco com a desconhecida cantora e compositora.

Lançado no final de 1956, o primeiro long playing da cantora e compositora – intitulado Convite Para Ouvir Maysa – com todas as canções de sua autoria, dentre as quais Marcada, Tarde Triste, Rindo de Mim, Quando Vem a Saudade e outras mais, passou quase despercebido pela crítica e pelo grande público, mas impressionando alguns poucos aficcionados pela beleza da voz e das composições.

Só que a excursão da jovem Maysa ao mundo artístico desagradou sua tradicional família. Já mãe de Jayme Monjardim, o lançamento de seu primeiro disco, prenunciando uma cantora e compositora de prestígio, provocou grave crise em seu casamento, porquanto seu marido, radicalmente contra seu ingresso nesse campo, a pressionava para que ela doasse toda a renda das vendas do disco à campanha contra o câncer. Insistia para que ela continuasse uma cantora diletante. Entre aquele novo mundo, cheio de perspectivas, e um casamento em crise, a cantora optou pelo primeiro, não sem pagar um elevado preço: cedo mergulharia em um estado depressivo, com idéias suicidas, refletido na maioria de suas canções, onde sobressaíam a tristeza e a melancolia; o samba-canção era realmente o estilo para desaguar suas dores e desilusões. Ela, porém, dizia que, o que ela cantava, não era propriamente samba-canção ou bolero; segundo ela, o que ela cantava era “estado d’alma”.

Maysa interpretando Quando Vem a Saudade.








 








Em abril desse ano de 1957, começa a atuar na rádio e na TV Record, onde chegou a ter um programa exclusivamente seu, além de começar a atuar nas mais grã-finas boates da capital, principalmente na Oásis e na Cave. Lançaria também, nesse ano, seu segundo LP – chamado simplesmente de Maysa – contendo, dessa feita, canções próprias e de outros compositores, inclusive músicas do repertório internacional, dentre elas Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom Jobim/Vinícius de Moraes), Ouça, de sua autoria, Segredo (Fernando César), To the End of the Earth (N. Sherman/J. Sherman), Franqueza (Denis Brean/Osvaldo Guilherme) e outras

Até que, em maio deste ano, a RGE lança o 78 rpm com as gravações de Ouça, de um lado, e, do outro, Segredo. O sucesso foi imediato. Pouco tempo depois, Ouça já estava na boca de todo o Brasil, tornando-se um dos êxitos musicais do ano, participando das paradas de sucessos até no ano seguinte:

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Ouça, vá viver
Sua vida com outro bem
Hoje, eu já cansei
De pra você, não ser ninguém...
O passado não foi o bastante
Pra lhe convencer
Que o futuro seria bem grande
Só eu e você...
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Quando a lembrança
Com você for morar
E bem baixinho
De saudade você chorar
Vai lembrar, que um dia existiu
Um alguém, que só carinho pediu
E você
Fez questão de não dar
Fez questão de negar."

Maysa Matarazzo interpretando Ouça.


 

 













A partir daí, Maysa se tornou um ídolo popular, entrando, por sua vida particular cheia de bebedeiras, tentativas de suicídio e escândalos, na galeria das cantoras “malditas”, ao lado de Dalva de Oliveira e Nora Ney, esta sua grande rival no campo do samba-canção.
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Reportagem da revista O Cruzeiro do início do ano seguinte (25.01.1958) dá a dimensão do impacto que o surgimento da cantora causou no mundo do entretenimento do BrasiL.
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"Sim, é verdade: não há notícia, no movimentado, oscilante e enganador domínio da música popular, de um aparecimento tão fulgurante e de uma consagração tão rápida, como é o caso da singular e talentosa Maysa Matarazzo – a MMM da TV, revelação em LP de 1956 e uma das melhores cantoras da TV e rádio de 57.”

No entanto, em sua vida privada, a cantora vivia seus dramas sob os olhos vigilantes da imprensa; no final de 1958, ela, bêbada, bate na traseira de um caminhão, ferindo-se não muito gravemente. As manchetes dos jornais e revistas foram dramáticas e ferinas. O jornal A Noite, por exemplo, estampou na primeira página: "Maysa, bêbada e ferida, foi atendida em pronto-socorro".

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Obviamente, a revista Escândalo não perderia a oportunidade de atormentá-la. Não demorou muito e se podia ler em uma de suas edições que ela era meramente "uma coitada, uma infeliz, uma alcoólatra, uma gorda". Tudo levava a crer que sua carreira não sobreviveria por muito tempo, porquanto parecia que esse incidente não demoraria a se repetir.

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Com efeito, pelo resto de sua carreira, diversos outros incidentes e desacertos aconteceriam na vida da cantora, que, contudo, sempre conseguia dar a volta por cima. Em pouco tempo, Maysa se aventuraria em outros campos musicais (como Dolores Duran, cantava em diversas línguas), cantando de tudo um pouco. Logo, seria mais uma cantora “samba-cancioneira” a ser atraída pelo novo e sofisticado mundo da bossa nova. Tornar-se-ia, com o passar dos tempos, um mito, uma das mais respeitadas cantoras e compositoras do país.

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