27.8.06

A DERROCADA DA VERA CRUZ

A escritora Sandra Almada assim descreveu o inusitado acontecimento que deixou a indústria cinematográfica brasileira atônita e pasmada:
"Veneza, Itália, 1954,
Os jurados da Mostra Internacional de Cinema de Veneza acomodam-se em seus lugares e passam a classificar o desempenho dos artistas que concorriam, naquele ano, em diferentes modalidades, ao cobiçado Leão de Ouro, prêmio concedido a atrizes, atores, diretores e outros criadores da indústria do cinema. A Vera Cruz, companhia cinematográfica criada no Brasil alguns anos antes, inscrevera na Mostra o filme "Sinhá Moça", mas não mandara, com a fita, um representante sequer que integrasse o elenco, a direção ou a equipe de produção da película brasileira para acompanhar a premiação na Europa. Por essa razão, o jornalista português Novaes Teixeira teve que improvisar uma resposta rápida e emocionada para o sucesso "inesperado" que a atriz Ruth de Souza alcançava após a exibição de "Sinhá Moça" em Veneza.
No dia em que o júri da Mostra encontrava-se às voltas com a escolha da Melhor Atriz das produções cinematográficas, e o talento da atriz Ruth de Souza explodia nas telas, Novaes Teixeira entrava na sede do evento com o pavilhão verde e amarelo nos braços, tentando substituir a ausência dos brasileiros, com o símbolo do país de origem da artista negra indicada para o prêmio. O jornalista havia tomado também outras providências. Telegrafara ao escritório da Vera Cruz, em São Paulo, comunicando à companhia cinematográfica as chances de premiação de "Sinhá Moça" em Veneza, mas isso de pouco adiantara. A jovem atriz não foi avisada, permanecendo no Brasil a quilômetros de distância da repercussão internacional que seu trabalho alcançava e das atenções e honras dispensadas a quem sustentava, em nível de igualdade, uma competição acirrada entre grandes estrelas. Katharine Hepburn, Michele Morgan e Lili Palmer eram algumas delas.
Nossa atriz perdeu o Leão de Ouro por apenas dois pontos para Lili Palmer, um fato menor para quem ganhou reconhecimento e prestígio de público e crítica, traduzidos em matérias elogiosas na imprensa europeia. "Jamais esqueceremos Ruth de Souza", lia-se numa manchete da publicação francesa Settre Française.
(...)"
Com a Vera Cruz atolada em problemas e prestes a fechar suas portas, nunca passaria pela cabeça de seus executivos que uma de suas atrizes, principalmente uma atriz negra, pudesse ser a primeira brasileira a ter a possibilidade de ganhar um prêmio em uma mostra internacional, principalmente em uma das mais prestigiadas, a Mostra de Veneza. Naquele momento, o que mais se falava dentro dos estúdios era como a companhia faria para sair de tão opressivo sufoco. Essa difícil situação dos estúdios, entretanto, como visto anteriormente, já vinha de muito tempo, fato que nem os formidáveis êxitos de O Cangaceiro, Sinhá Moça e, posteriormente, Candinho, tinham condições de reverter, tal o emaranhado de problemas em que a companhia tinha se metido, fruto, entre muitas outras coisas, de má gestão e projetos megalomaníacos.



A realização de Sinhá Moça, no ano anterior, já em um contexto de dificuldades financeiras, está escondida em uma história nebulosa. Segundo comentários, o filme somente fora realizado porque sua história se baseava no romance homônimo de M. Dezzone P. Fernandes, mulher do presidente do Banco do Estado de São Paulo, João Pacheco Fernandes. Tais acusações repercutem em todo o meio artístico e político, trazendo, como consequência, a auto-demissão de Pacheco Fernandes, que mais tarde tentaria demonstrar que o investimento fora vantajoso para o banco, porquanto somente em sua primeira semana de exibição em São Paulo, as bilheterias acusavam a renda de três milhões de cruzeiros, apesar de nunca ter ficado claro para onde teria ido esse dinheiro.

O romance (e o filme), em síntese, conta a história de Sinhá Moça, que volta a Araruna, sua cidade natal, quando a agitação, relacionada à abolição da escravatura, toma conta do Brasil. Ao mesmo tempo, também chega à cidade outro filho ilustre, o jovem advogado e abolicionista (às escondidas) Rodolfo Ferreira, filho de rico fazendeiro, que logo se engaja na luta contra a escravidão, na maioria das vezes de forma solerte, não deixando que se percebam suas reais intenções. Uma espécie de "Zorro abolicionista", nas palavras do próprio ator. Até que, após a fuga de vários escravos e posteriores capturas, os chefes vão a julgamento, e Rodolfo se revela abolicionista perante a cidade, ao defender os líderes. No término do romance, o advogado está em pleno arrazoado em defesa de seus constituintes, quando chega à cidade o decreto que informava sobre a abolição da escravatura no Brasil.

O filme homônimo extraído do romance, dirigido por Tom Payne, roteirizado por Fábio Carpi, diálogos adicionais a cargo de Carlos Vergueiro e Guilherme de Almeida, traz no elenco Anselmo Duarte, Eliane Lage, José Policema, Amélia de Souza, Abílio Pereira de Almeida, Ester Guimarães, Antônio Fragoso, Henricão, Marina Freira e outros. E entre esses outros, Ruth de Souza.

Filha de lavradores, nascida no Rio de Janeiro, mas criada no interior de Minas Gerais (Porto do Marinho, hoje Laranjais), Ruth, ainda menina, com a morte do pai, volta para o Rio, indo morar em uma Vila na Rua Pompeu Loureiro, Copacabana, onde a mãe sobrevivia como lavadeira. Data daí sua tomada de consciência de ser negra e pobre, ao perceber que, apesar de brincar com crianças brancas, não era convidada para suas festas, e que Papai-Noel nunca deixava presentes bonitos e caros quanto os de seus amiguinhos. A crueldade dos textos escolares também deixava suas marcas; já no primário, não pôde conter a dor e as lágrimas durante a leitura de um livro, cujo texto dizia que "o negro não era muito inteligente, porque tinha o cérebro atrofiado".

Morar em Copacabana, porém tinha suas vantagens. Desde cedo, quando podia ou quando o dinheiro dava, acompanhava a mãe ao cinema ou ao teatro, logo também adquirindo o hábito de escutar óperas, que eram transmitidas pelo rádio diretamente do Teatro Municipal. Foi o período em que – graças à mãe – adquiriu a preocupação com o bem-vestir, com o portar-se à mesa, com a higiene, o que a ajudaram a desenvolver forte personalidade e auto-estima. Ajudou-a, é claro, uma elegância e altivez inatas, o que, quase sempre, era encarado como arrogância em um tempo eivado de preconceito. Negro tem sempre que reconhecer seu lugar.


Em meados dos anos quarenta, após ler em uma revista sobre a criação de um grupo amador de teatro, integra-se a ele e inicia sua formação teatral. Por pouco tempo, pois, logo a seguir, consegue entrar para o Teatro Experimental do Negro, grupo teatral criado por Abdias do Nascimento e Aguinaldo Camargo, que, nesse momento, ensaiava em uma sala a eles cedidas pela UNE - União Nacional dos Estudantes.

Fundado em 1943, o TEN tinha a pretensão de ensinar aos negros brasileiros - não se podendo esquecer de que o único negro a atuar nos palcos com alguma consistência era o Grande, o Enorme Otelo - que eles também poderiam se dedicar às artes cênicas, que eles também poderiam ser atores e atrizes, apesar das imensas dificuldades a lhes esperar. Assim, não demora muito, Ruth, ainda amadora, está nos palcos do inatingível Teatro Municipal, participando da montagem da peça do dramaturgo norte-americano Eugene O´Neill Imperador Jones, a que se seguem inúmeras outras, pontificando Todos os Filhos de Deus Têm Asas e Moleque Sonhador, ambas também de O´Neill, Aruanda, de Joaquim Ribeiro, Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, escrita especialmente para o grupo, O Filho Pródigo, de Lúcio Cardoso etc. Foi também a primeira Desdêmona negra na história do teatro, quando, participando do Festival Shakespeare idealizado por Pascoal Carlos Magno, atua na montagem de Othelo ao lado de Abdias do Nascimento.

Sua estréia como profissional se dá quando o TEN se junta ao Teatro dos Comediantes para a montagem de Terras do Sem Fim, peça baseada no romance homônimo de Jorge Amado, adaptado para o teatro pelo próprio autor. Essa peça lhe possibilita a oportunidade de estrear no cinema, quando Jorge Amado, vendendo os direitos do romance, indica-lhe o nome para integrar o elenco, interpretando o mesmo personagem que ela criara no teatro.

Filmado em 1948 nos estúdios Atlântida, dirigido pelo norte-americano Edmond Bernoudy (que segundo se dizia não sabia nada de cinema), e com roteiro de (sempre ele) Alinor Azevedo, Terra Violenta – assim se chamou a película – permitiu a primeira participação de Ruth de Souza no cinema, atuando ao lado de Anselmo Duarte, Vera Nunes (uma das primeiras estrelas da Atlântida), Celso Guimarães, Heloísa Helena, Graça Melo, Luiza Barreto Leite, Mário Lago, Maria Fernanda, Grande Otelo e outros mais. Faria ainda, nesse mesmo ano, outro filme para a mesma Atlântida, Falta Alguém no Manicômio, roteirizado a quatro mãos por Alinor Azevedo e José Carlos Burle, dirigido pelo próprio José Carlos Burle, em que trabalha, pela primeira e única vez com Oscarito que encabeça o elenco ao lado de Vera Nunes, Modesto de Souza, Luiza Barreto Leite, dentre outros.

No ano seguinte, voltaria a atuar em Também Somos Irmãos

famoso por ser o primeiro filme brasileiro a abordar um tema tabu: a questão racial e o relacionamento amoroso inter-raças. Novamente atua ao lado de Grande Otelo e Vera Nunes, como também junto a futuros astros do rádio, cinema e televisão, Jorge Dória, Átila Iório, Jorge Goulart, Jece Valadão e Agnaldo Rayol. O enredo desenvolvido por (quem mais!) Alinor Azevedo narra a história da adoção de três garotos e uma garota, dois brancos (Agnaldo Rayol e Vera Nunes) e dois negros (Grande Otelo e Aguinaldo Camargo) por um rico burguês. Como melodrama na verdadeira acepção da palavra, o filme não desaponta e logo um dos irmãos negros (Camargo) se destaca nos estudos, formando-se em advocacia, enquanto o outro (Otelo) cai na marginalidade. Este último, após cometer alguns delitos, vai a julgamento, sendo absolvido pelo irmão "bom". E como sói, o irmão advogado, não demora, mata sem querer um meliante e é salvo pelo irmão "mau", que lhe toma o lugar, confessando o crime. No final do filme (após os entreveros amorosos entre o irmão negro advogado e a irmã branca), depois que o real assassino confessa seu crime, ele vai a julgamento e é absolvido. Com tal enredo, em tal época, o filme (que se perdeu, restando algumas cópias em mãos particulares, especialmente uma no interior de Minas Gerais) só poderia se constituir em estrondoso fracasso de bilheteria.

Suas atuações nesses filmes despertam a atenção de Alberto Cavalcanti, recém-chegado de Londres, contratado para ser um dos esteios da Vera Cruz. Logo Ruth está em São Paulo, atuando em Terra É Sempre Terra e Ângela, sendo uma das primeiras contratadas da companhia.

Ângela, filme completo, com grande atuação de Ruth de Souza.















Uma história hilária aconteceu com Ruth, assim que chega a São Paulo para interpretar uma colona nesse seu primeiro filme para a Vera Cruz, Terra É Sempre Terra. Abílio Pereira de Almeida, autor e co-diretor, vendo-a magra e elegantíssima, não se contém, deixando claro que esperava alguém diferente, achando-a inadequada para o papel. Ruth prontamente lhe responde: "eu acho que o senhor estava esperando a Mummy de 'E o Vento Levou', não estava?... Aquela bem gorda. Mas eu vou fazer uma colona e nunca vi colona gorducha...". Laconicamente ele replica: "Ah!, é mesmo...". Aliás, um dos problemas para atores negros era que somente lhes sobravam papeis ou de escravos ou de empregados. Não obstante, Ruth aproveitaria qualquer chance, como em Ângela, onde, fazendo o papel de uma criada, arrasou em cena, roubando completamente o filme.

Mas tudo isso era muito pouco para ela, que sonhava, e sabia que podia, em se tornar uma personalidade no meio artístico. E, para sua surpresa, logo lhe aparece uma oportunidade que lhe abriria novos horizontes: ir estudar teatro nos Estados Unidos.

Um representante da Fundação Rockfeller procura Pascoal Carlos Magno, dono e mentor do Teatro dos Estudantes, informando-o de que havia uma bolsa de estudos da instituição por um período de um ano para um estudante de teatro oriundo do Brasil. Na mesma hora, Pascoal se lembra daquela Ofélia cheia de garra e determinação e, acreditando em seu potencial, ao invés de ofertar a bolsa a um de seus estudantes, viaja para São Paulo, especialmente para oferecê-la a Ruth de Souza, não sem antes se certificar se teria algum problema se o estudante fosse negro. Não tendo, Ruth logo embarca para Cleveland para um período de adaptação na Karamu House, onde, em seis meses, aprende sobre dramaturgia, iluminação, som, vestuário, dança contemporânea e até música instrumental, não falando no aperfeiçoamento de seu inglês. Aí tem a oportunidade de participar de algumas montagens (Dark of the Moon, Street Scene), vencendo um dos maiores desafios para qualquer ator, quer seja, atuar falando inglês. Além disso, tem a oportunidade de dirigir seus companheiros na montagem de Porgy and Bess, aumentando mais ainda sua bagagem.

Nina Simone interpretando Summertime, de Porgy and Bess.


















Billie Holiday interpretando I Love You, Porgy.















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Mais segura, é enviada para estagiar na mais do que prestigiosa Harvard University, onde teria a oportunidade de se atualizar culturalmente, assistindo a diversas palestras e conferências proferidas por profissionais da área teatral. Após cerca de um mês, vai para Nova Iorque, ficando por dois meses na ANTA - Academia Nacional de Teatro Americano, período em que conhece a Broadway, assistindo montagens de várias peças, além de ensaios de vários monstros sagrados do teatro, entre eles o maior de todos, Lawrence Olivier. Era a glória.


Em 1953, volta para o Brasil exatamente para participar de Sinhá Moça, com o qual ganharia seu primeiro Saci.

***

Os boatos sobre o encerramento das atividades da Vera Cruz ganham consistência no final de 1953, quando se revela que o Banco do Estado de São Paulo suspendera o financiamento ao estúdio, a empresa tendo que se aguentar com recursos próprios para efetuar o pagamento de seus funcionários que chegavam ao montante de 1,5 milhões de cruzeiros. A saída seria o banco, após um aumento de capital, assumir as atividades da empresa, e o Estado também assumindo suas atividades. Bastou ser ventilada esse assunto para que a imprensa burguesa paulista se levantasse contra ela. Como sempre acontece, o que se pedia era que o Estado injetasse dinheiro na companhia, a salvasse, complementasse leis de proteção ao cinema nacional e deixasse tudo como estava, nas mesmas mãos que a afundaram, ou seja, nas mãos de Franco Zampari e companhia.

Apesar de todos os problemas, o banco estatal, após assembléia extraordinária, acaba por se impor junto aos acionistas, alterando os estatutos da empresa e lhe impondo dois diretores com voz de comando, Franco Zampari se tornando uma espécie de rainha da Inglaterra.

Assim, uma nova política de produção se anuncia: em conseqüência dos cortes nas despesas, seriam efetivadas demissões no quadro de pessoal; além disso, os estúdios seriam abertos para a realização de filmes independentes e para co-produções; paralelamente, planejava-se uma agressiva política de procura de novos mercados, aliada à confecção de filmes educativos. Obviamente, nada sai do papel e, não demora, todo mundo perde seu posto.

Bresser Pereira, então crítico cinematográfico do jornal O Tempo, assim viu o episódio em janeiro de 1954:
"'O caso da companhia Cinematográfica Vera Cruz está exigindo uma comissão de inquérito, para apurar as irregularidades de que ela está eivada, como empresa devedora ao Banco do Estado e ao Banco do Brasil'. Com estas palavras inicia um dos matutinos desta capital um de seus sueltos de terça-feira última. A seguir faz vários ataques à administração do Sr. Franco Zampari, que classifica de ineficiente, sugere a existência de desonestidade, reafirma que a grande companhia deve mais de cem milhões de cruzeiros aos bancos oficiais e considera a execução judicial o único meio de solucionar a questão, já que no dizer do editorialista a Vera Cruz é uma companhia fracassada, que jamais poderá pagar seus débitos.

Conforme já noticiamos em nossa edição de ontem a investigação policial vai ser feita, tendo o sr. Franco Zampari sido intimado a comparecer à Delegacia de Falsificações e Defraudações da Secretaria de Segurança. A posição do jornal que deu origem a esse caso, porém, parece-nos totalmente errada, se não suspeita. Na verdade não podemos compreender como é que se fazem acusações tão graves sem apresentar as respectivas provas, demonstrando apenas ignorância quanto aos problemas que afligem o cinema nacional.

Embora consideremos nosso dever postarmo-nos na defesa do cinema brasileiro, os leitores que seguem nossas crônicas sabem perfeitamente que não somos daqueles que por conveniência ou por paixão perdem todo o senso crítico nessas questões. Quando uma película nacional não presta, somos os primeiros a condená-la, mas também não deixamos de fazer justiça às boas realizações.

Temos procurado manter uma posição equilibrada e isso nos dá autoridade para discordarmos fundamentalmente das afirmações contidas naquele editorial. É verdade que a Vera Cruz deve mais de cem milhões. Não negamos que o Sr. Zampari tenha permitido gastos algumas vezes excessivos, mas entre isso e pedir um inquérito e propor execução judicial da companhia a distância é muito grande. Que uma produtora de cinema no seu início, quando seus filmes não renderam ainda o que podem render e os gastos com as instalações são enormes, que uma companhia nessas condições contraia grandes débitos é mais do que natural. Que o governo seja credor também está muito certo, pois é de interesse público que possuamos uma indústria cinematográfica digna desse nome. O que não tem cabimento é perderem-se milhões e dar-se um golpe de morto em nossa maior empresa, cujo patrimônio cobre perfeitamente suas dívidas, ao porque estas são grandes, o nosso mercado exibidor relativamente pequeno e ainda será necessário esperar um bom tempo para que se possa pagá-las integralmente.

Com a fundação da companhia Cinematográfica Vera Cruz o cinema nacional deu um grande passo adiante; os melhores filmes brasileiros são por ela produzidos, incluindo-se entre eles alguns que tem logrado êxito comercial e artístico no exterior; seus estúdios são os maiores e melhores do Brasil, seus técnicos, os mais capazes. Discordemos portanto do editorial acima aludido, que nos parece completamente indefensável.
"

Enquanto a crise estava sendo administrada, novos filmes realizados em 1953 são lançados nesse ano de 1954: Luz Apagada, Candinho, Na Senda do Crime e É Proibido Beijar.

Luz Apagada, elenco encabeçado por Mário Sérgio e Maria Fernanda, com direção e argumento de Carlos Thiré, que, no entender ainda de Bresser, "nos surpreendeu com a película mais equilibrada, com o filme mais bem acabado de quantos vimos até hoje no cinema nacional ... um policial de fundo psicológico realizado com inteligência e bom gosto", conta a história de uma pequena cidade do litoral que vive intrigada com a vida e a figura misteriosas do guardião do Farol da Ilha. Seu nome é Olavo e desde o falecimento de sua mulher nunca mais foi à cidade. Só a filha Glória é vista na cidadezinha, conversando sempre com Tião, amigo de infância. Embora corressem as mais estranhas histórias sobre a ilha, Tião sente-se atraído pela figura selvagem de Glória. Um dia, o comandante da administração portuária comunica que está enviando um ajudante para Olavo, fazendo com que Glória peça a Tião que se case imediatamente com ela para que ele seja nomeado ajudante de seu pai. Antes que Tião se decida, Daniel, o novo contratado, chega à ilha, começando a disputar com Tião as preferências de Glória. Até que ocorre uma tragédia cujos detalhes são escondidos pela noite escura, com a luz do farol apagada.

Candinho, o terceiro filme de Mazzaropi para a Vera Cruz, direção, roteiro e argumento de Abílio Pereira de Almeida, trazendo no elenco Mazzaroppi, Marisa Prado, Adoniran Barbosa, John Herbert, Ruth de Souza e grande elenco, contando ainda com vários números musicais - O galo garnizé (A. Almeida e Luiz Gonzaga), Não me diga adeus (F.da Silva Corrêa e Luiz da Silva), Ave Maria no morro (Herivelto Martins), Vida nova (Borba S. Rubens), É bom parar (Rubens Soares), O orvalho vem caindo, (Noel Rosa e Kid Pepe), Mamãe eu quero (Vicente Paiva e Jararaca), A saudade mata a gente (Antônio de Almeida e João de Barro), Quarto Centenário (Mario Zan e J. M. Alves), O ouro não arruma,(Mário Vieira) e Meu Policarpo (Mara Lux e Reinaldo Santos) -, vagamente baseado em Cândido, de Voltaire, narra a historia do personagem que foi encontrado nas águas sujas de um riacho. Ao seu lado, estava um jumentinho, o Policarpo. Candinho e o jumento crescem juntos, mas, um dia Candinho, um pouco mais inteligente que Policarpo, logo aprendeu o lado amargo da vida, já que, por qualquer motivo, era espancado pelo seu suposto benfeitor, o proprietário da fazenda; não agüenta o rojão e decide fugir para São Paulo, onde conhece Filoca, uma garota da noite por quem se apaixona. Depois de várias peripécias no inferno urbano, Candinho regenera Filoca e retorna ao paraíso perdido da sua terra natal.


Elisete Cardoso e Elza Soares interpretando Não me Diga Adeus.















Ângela Maria interpretando Ave Maria no Morro.














Mário Zan interpretando São Paulo Quatrocentão.

















Candinho, o filho feio da Ver Cruz, terminou por ser o grande sucesso da temporada da Vera Cruz, ficando três semanas em cartaz em 25 cinemas de São Paulo, tornando Mazzaropi um dos astros mais poderosos da combalida companhia cinematográfica paulista.



Cena de Candinho, com Mazzaropi.















Cena de Candinho, com Mazzaropi e Adoniran Barbosa.
















Na Senda do Crime, direção de Flamínio Bollini, argumento a quatro mãos a cargo do mesmo Bollini, Fábio Carpi, Alinor Azevedo e Maurício Vasques, elenco contando com Miro Cerni, Cleide Yáconis e Maria Fernanda narra a saga de Sérgio (Miro Cerni), um rapaz pobre, porém ambicioso e sem caráter. Com aspirações de se tornar milionário, acostumado que estava em frequentar o ambiente rico e luxuoso de alguns parentes próximos, fica inconformado por ter que lutar honestamente para sobreviver, ao mesmo tempo em que busca uma oportunidade para se tornar rico de um momento para outro. A situação parece mudar quando o banco em que trabalha é assaltado e Sérgio identifica os ladrões, encontrando aí a oportunidade que buscava: logo se associa a eles, enquanto conhece Jurema e se apaixona por ela. Logo os dois estão planejando e executando assaltos.

O filme recebeu críticas contraditórias. Mas, nosso crítico e futuro ministro Bresser Pereira escreveu uma resenha bastante elogiosa no O Tempo de 27.03.1954:
Já escrevemos muito sumariamente sobre este filme, quando de sua exibição no Festival Internacional de Cinema do Brasil. Dissemos então que, apesar de todas as suas falhas, "Na senda do crime" ainda era a melhor das três películas apresentadas pelo Brasil nesta festividade. Calcule o leitor, então, como era ruins as outras duas fitas, embora uma delas, "Gigante de Pedra", revelasse um jovem diretor de muito futuro, Hugo Khouri. "Na senda do crime" foi o último filme terminado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, antes que as dificuldades econômicas interrompessem seus trabalhos durante longos meses. Quando ele foi iniciado e mesmo planejado, a grande empresa de São Bernardo, que deu uma nova feição ao nosso cinema, já se via envolvida em sérios problemas econômicos, que lhe impunham severas restrições nos gastos.
Dessa forma, a fita de Flaminio Bollini Cerri é um reflexo dessa situação, deixando transparecer em si as dificuldades que enfrentou a Vera Cruz durante sua realização. "Na senda do crime" é tipicamente um filme dos chamados classe B, em face das reduzidas despesas de produção (há filmes classe A, B e C). Trata-se de um policial sem grandes pretensões, baseado nos moldes clássicos de Hollywood, dos quais se afasta muito pouco. Há nele uma certa influência neorealista, mas como gênero policial não se presta muito para películas desse teor, ela pouco se faz notar, predominando simplesmente a movimentação do enredo, seus imprevistos e sua "ação". Esta sua característica, aliada a personagens reduzidas a meros clichês, o que lhes rouba qualquer possibilidade dramática mais intensa, torna o filme muito próximo a um policial norte-americano de segunda categoria, pois o mesmo não apresenta a depuração formal, tanto de roteiro como de direção, que os melhores policiais de Hollywood possuem, graças a uma longa experiência em filmes dessa natureza.
De qualquer forma, porém, a direção de Flaminio Bollini Cerri é perfeitamente aceitável, principalmente para um estreante. O "metteur-en-scene" do Teatro Brasileiro de Comédia dotou "Na senda do crime" de uma linguagem perfeitamente escorreita e em alguns momentos conseguiu excelentes efeitos, como aquele do roubo no cinema, o que nos permitiu assistir a um filme correto. Na direção dos atores, também seu trabalho se revelou positivo. Principalmente o trabalho de Miro Cerni nos pareceu muito bom e os demais componentes do elenco tiveram um desempenho normal. Fotografia muito boa de Henry Fowle."

Por fim, ainda nesse 1954, foi lançado É Proibido Beijar (filmado em Guarujá), argumento, roteiro e adaptação de Fábio Carpi e Maurício Victorio Cusane, direção de Ugo Lombardi e elenco contando com Tônia Carreiro, Mário Sérgio, Ziembiniski, Otelo Zeloni, Inezita Barroso, Renato Consorte, José Rubens, Vicente Leporace, Vitor Merinow, Ayres Campos, Margot Bittencourt, Tito Lívio Baccarini, Rita Cléos, Elza Laranjeira, Célia Biar, Paulo Autran, Oswaldo Louzada, Maria Amélia, Cavagnole Neto, José Mercaldi, Maurício Vasques, Os Modernistas, Victor Jamil, Nelson Camargo e muitos mais. A película desenvolve a história de um cronista mundano, Eduardo, que quer, de todas as maneiras, se tornar um repórter policial. Mesmo após desvendar um crime misterioso não consegue que o diretor do seu jornal o promova. Por outro lado, ele é noivo de Suzy, que trabalha numa boate. Encarregado de entrevistar uma famosa atriz, June, ele se envolve em várias situações embaraçosas que são criadas por Suzy e por outros dois repórteres, Harry e Steve, que seguem a estreça desde sua chegada ao Brasil. Após diversas tramas, Eduardo e June podem, finalmente, se beijar apaixonadamente.

A nota cômica sobre os bastidores desse filme, segundo os noticiários, é que o galã Mario Sergio cogitou processar a Vera Cruz, tendo em vista que seu nome, tanto nos letreiros do filme como no seu material de propaganda, aparece em segundo plano, em uma situação de inferioridade em relação a Tônia Carrero, que, em sua visão, prejudicaria sua popularidade de galã do cinema nacional. Dizia-se, ainda, que Mario Sergio iria contratar um advogado, não, sem antes, procurar um acordo amigável com a Vera Cruz, cujos diretores lhe haviam prometido que seu nome sairia do mesmo tamanho do da estrela, o que, efetivamente, não aconteceu.


Também, concomitantemente, são reiniciadas as filmagens interrompidas de Floradas na Serra, a última esperança da Vera Cruz, filmado, apesar da péssima situação da companhia, em ritmo de superprodução, conquanto seus custos alcançaram o montante de Cr$6.348.629,00, mais do que fora gasto com Terra é Sempre Terra, Ângela, Candinho, Tico-Tico no Fubá e Veneno (não descontando a inflação do período).



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Dirigido por Luciano Salce e com a presença estrelar de Cacilda Becker, depois de um longo período longe das objetivas, no papel de uma mocinha burguesa impedida de abandonar Campos do Jordão pelo agravamento de sua tuberculose e, posteriormente, pelo estreitamento de suas relações amorosas com um rapaz da baixa classe média, aspirante de escritor, também doente, secundada por Jardel Filho, Miro Cerni, John Herbert, Ilka Soares, Sílvia Fernanda, Gilda Neri, Lola Brah, e Célia Helena, Floradas na Serra, baseado no romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, quando lançado, recebe críticas dúbias, a mais dúbia partindo do crítico Salvyano Cavalcanti.

Cavalcanti elogia o roteirista e argumentista Carpi ("capaz de construir com lucidez um roteiro formalmente correto") o fotógrafo Ray Sturgess ("enquadramentos belos e funcionais e um impecável acabamento"), a trilha sonora de Henrique Simonetti ("boa a música") e a técnica do filme, a quem denomina de "alto nível". Elogia mais ainda o elenco, considerando-o "homogêneo", e atingindo "(...) um plano de coerência e expressividade dantes nunca alcançado no cinema brasileiro (...)". E para Cacilda Becker, reserva os maiores elogios: ela seria o próprio filme que, sem sua presença, seria simplesmente "intolerável". Segundo ele, não obstante seu talento ter sido pouco explorado, ela está "suprema", "autêntica", não perdendo nada "para as grandes criadoras da cena de todos os tempos", aí incluídas Greta Garbo, Ingrid Bergman, Vivien Leigh, Katharine Hepburn e Bette Davis.


Por outro lado, chamando o filme, em tom irônico, de "análise sutil e elegante do problema da tuberculose entre os grã-finos quatrocentões” (recebendo irada resposta de Dinah Silveira de Queiroz), ele considera Carpi incapaz "de atenuar a morbidez implícita do enredo"; Luciano Salce teria se limitado "a dar à sua função a dignidade que dele já se esperava". Chama a temática do filme de "rococó", "cabra-cega" e "de frustração", sendo o filme propriamente dito "ausente de correlação humana". Acha que somente a atuação de Cacilda Becker teria conseguido "(...) vencer a irremediável logomaquia, a histeria verbal, a condenável incontinência dos autores", que teriam criado "diálogos de uma falsidade e de uma inutilidade flagrantes".

Floradas na Serra, o último longa-metragem lançado pela Vera Cruz (à exceção do documentário São Paulo em Festa, focalizando os festejos do IV Centenário de São Paulo), é um exercício de maneirismo clássico: belas imagens, belo elenco, ótima fotografia de Chick Fowle e esplêndida música. No entanto é um filme frio, meio falso, beirando à irrealidade. Seus tuberculosos não tossem nem cospem; a saúde e o guarda-roupa do elenco chegam a constranger, principalmente quando relacionados a Jardel Filho, que, apesar de uma atuação bastante comovente, não convence como tuberculoso, exatamente em virtude de sua força física. No final do filme, enquanto Jardel Filho abandona Cacilda Becker, descendo a montanha com outra mulher, e esta, à morte, segue de ambulância para o hospital, o público ria de tanto drama, como também rira quando escutara a voz rouca de Cacilda pela primeira vez.


Bresser Pereira também não gostou do filme, considerando-o fraco. Em duas críticas de outubro de 54 no O Tempo, ele deixou suas impressões sobre Floradas na Serra:

Não se pode dizer que os realizadores de "Floradas a Serra" tenham fracassado totalmente. Se chamarmos seu filme para comparação com as demais películas nacionais, veremos que se trata ainda de uma obra aceitável. A Vera Cruz não precisará envergonhar-se por haver produzido esse filme, embora de seus estúdios já tenham saído fitas melhores. Limpa, bem feita, tecnicamente correta, com a dublagem sincronizada, não se trata de forma alguma das clássicas mediocridades que o cinema brasileiro tem o infeliz hábito de produzir. Todavia, se considerarmos que o filme foi produzido pela Vera Cruz, com uma ótima equipe técnica, se lembrarmos que tinha por base um romance cheio de possibilidades de Dinah Silveira de Queiroz, e que os seus dois realizadores principais, Luciano Salce e Fabio Carpi, haviam sido responsáveis por uma comédia promissora "Uma pulga na balança", então veremos que se trata de uma película malograda. "Floradas na Serra" é um filme desequilibrado, no qual tendências as mais diversas e contraditórias se fazem notar. Duas contradições são mais acentuadas nele: a primeira de ordem material e a segunda de ordem formal.
Conforme dissemos ontem, Fabio Carpi e Luciano Salce, seguindo a trilha de "Uma pulga na balança", deram ao seu filme um tom crítico e pessimista. Entretanto o romance de Dinah Silveira de Queiroz possuía um caráter de crônica psicológica e sentimental. E as características do romance, que Carpi não soube dominar perfeitamente, aparecem a todo instante no filme, em pleno contraste e totalmente deslocada do contexto amargo da película. Sob o ponto de vista formal também temos uma contradição flagrante. Vários personagens, várias situações, vários acontecimentos, que no romance eram perfeitamente justificáveis, transpostos para a tela, onde foi dado uma excessiva importância ao drama passional das duas personagens principais, tornaram-se sem razão de ser, falsas, vazias de significado. A história de Belinha, de Elza, de Turquinha, Dr. Celso, seqüência como a corrida no meio da chuva, a primeira visita à casa por alugar permanecem no filme como uma mera lembrança do que era o romance, sem no entanto nos convencer. Amanhã terminaremos a análise deste filme.
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Nas crônicas de ontem e anteontem falamos sobre "Floradas na Serra". A própria extensão desta análise, que foi se alongando, embora pretendêssemos resumi-la, serve como prova de que não se trata de uma película inexpressiva e de rotina. Temos um filme malogrado, não há dúvida, mas não podemos negar aos seus realizadores inteligência e capacidade. Conforme dissemos em nossas crônicas anteriores, a adaptação imperfeita do romance à tela, procurando dar ao filme um espírito diferente da obra literária, resultou em completo desequilíbrio da fita. E ao roteirista Fabio Carpi, evidentemente, é que devemos atribuir essa falha. Mas não é só. Derivando em grande parte do desequilíbrio de forma e de conteúdo do filme, o cenário que escreveu não tem unidade nem curva dramática. Fragmentário, cortado em uma série enorme de seqüências, mal estruturado, não logra tornar-se um filme social ou o drama de um grupo de personagens, prejudicando, no entanto o desenrolar da história de Lucilia e Bruno. E assim a pequena tragédia da mulher tuberculosa, apaixonada por um doente que logo se cura, enquanto ela piora cada vez mais, não consegue nos emocionar, integrando-nos no filme. Todavia, e apontamos todos esses defeitos no roteiro do filme, isso não significa que o trabalho de Fabio Carpi seja primário de principiante. Vê-se que ele conhece o seu "metier" , devendo-se a isso o caráter de certo modo internacional da fita. Seu "screen play" não foi bem sucedido, não porque ele desconhecesse tecnicamente o que devia fazer, mas porque não soube levar até o fim as transformações que pretendeu realizar no romance original.
Na direção, Luciano Salce também não foi totalmente bem sucedido. Relativamente seguro, logrou dar influência e continuidade ao filme. Em alguns momentos, porém, revelou-se um tanto descuidado, em oposição com o formalismo falso que imprimiu a outras seqüências do filme. Vejamos por exemplo a morte de Belinha, que inicialmente nos pareceu um modelo de seqüência cinematográfica, e depois perdeu-se em uma procura formal falsa. Todavia, revelando sua condição de diretor de teatro, Salce dirigiu muito bem os atores e soube fazê-los movimentar-se dentro do quadro com absoluta funcionalidade. No elenco, sobressaiu-se com excelente desempenho, Miro Cerni, talvez o melhor ator do cinema nacional. No Papel de Belinha, Gilda Nery revelou um notável progresso em relação ao seu primeiro trabalho, em "Uma pulga na balança" Lola Brah e Silvia Fernanda estão bem; Ilka Soares e Jonh Herbert não tiveram muita oportunidade. O trabalho de Jardel Filho nem sempre foi convincente, embora tenha mantido uma certa naturalidade. Cacilda Becker, tem um bom desempenho. Entretanto, ainda não nos convencemos totalmente de sua capacidade cinematográfica. Nossa grande atriz teatral, no papel de Lucilia, se adaptou bem à personagem. Dessa forma, seu trabalho ficou bastante simplificado. Esperamos, no entanto, outra oportunidade para julgar melhor essa artista."

Apurada e sintética à perfeição é a análise da derrocada da Vera Cruz realizada por Afrânio Mendes Catani. Segundo ele:
"Um complexo de coisas acabou por determinar a falência da Vera Cruz: os custos vultosos e a dispendiosa manutenção, quando até em Hollywood essa forma de produção começava a experimentar transformações; orçamentos elevados e elaborados sem nenhum critério mais profundo de objetividade; salários altos e manutenção de um corpo de artistas e técnicos com dedicação exclusiva à companhia, remunerados com ou sem trabalho; a falta de apoio governamental na criação de barreiras à concorrência desigual exercida pelo filme estrangeiro; a não criação, paralelamente ao complexo industrial paulista instalado, de uma grande cadeia distribuidora e exibidora...
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Assim, também sem "Happy-end", parecia que estava terminada a gloriosa aventura da Vera Cruz, a Hollywood Brasileira.

Um comentário:

CARMEN MONEGAL E GLOBO INTERNACIONAL disse...

Floradas na Serra foi feito pela Carmen Monegal interpretando Lucília, papel feito no passado pela Cacilda Becker.Carmen Monegal ganhou da folha de São Paulo (R.Y.S) o título de "atriz que faz arte mesmo no video"